Estou catando o que sobrou pelo chão empoeirado. Peças soltas, quebra-cabeça de ilusões espúrias. Desfigurado pelo reflexo irresponsável do espelho oxidado, decaio e morro aos poucos. Um gole travado num café é suficiente para uma análise sem um especialista na psique humana, estou morrendo aos poucos. Consumindo-se. Vou a rua e tento não retornar ao lar, tento acreditar que lá, na rua não no lar, sou menos infeliz... atitude reles e ingrata. Tudo é pensar. Uma voz irrompe no meu lampejo de loucura e retorno a realidade:
- Tudo bem?
- Sim.
- Tenha uma boa noite e vê se lê menos... faz mal, viu!
- Claro, claro. Até mais ver.
Chego a me assustar, mas logo volto a minha divagação insana e constato que estou morrendo realmente.
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