26/11/2008

Paragem

Rapidamente o bando se acoitou. Liderando os cabras estava Niceto. No canto da paisagem e por detrás do velamal, sem respirações ou engatilhos, se encontravam. Moita. Butuca. Tocaia. Pela testa de Niceto escorria lama: barro e o suor na barroca dos olhos se juntando. Parece faltar pouco tempo para o barulho espantar os passarinhos d’uns esgalhados cinzas e das coroas de frade. Canção das paragens sertanejas. Vê-se o ar subindo do chão. O queixo esquentado no cabo da papo amarelo e a vida rodando feito rodamoinho na cabeça dos cabras. Niceto se prepara e mira seus revólveres. Aquela brincadeira... manja! O nome da meninice lhe reflui quando percebe os homens na iminência de correrem um ao encontro do outro como n’um baile louco da morte. Ah! Niceto te cuida, pois sua mãezinha cose algodão para tua próxima camisa branca, debulhando o terço e olhando o seu retrato como doutor do ABC. Niceto foi estudar e não demorou a cair no mundo, na carraspana. O restante era aquela fotografia velha. E a passarada revoou. Sangue fervendo numa pedra. Reflexos coruscantes nas fitas e medalhas do Niceto. Um perfume de pólvora perfuma o descampado, a poeirama se mistura ao sangue, ao sol, a toda paisagem confusa. Niceto longe de si só vê o fundo azul que parece cada vez mais perto, perto, perto...