15/04/2008

Aleatória

Tempos que não escrevo. Sinto no punho o peso d'uma vida sem muita graça. Hiato de palavras. Sento nesta cadeira, fico agastado, preciso sorrir e motivos não me chegam.
Não escrevo, o jazz triste soando no fundo da xícara de café, o final do cigarro, não são, nem de longe, um escape para esta fonte estanque de letras.
Perder um amor, um amigo ou livro querido traz "inspiração" para algo a ser transposto no papel, mas a contumácia destes acidentes trazem a raridade de boas coisas na vida de um ser vivo, até parece que morro um pouco a cada dia.
Dia desses um grande amigo disse-me que os benzoapenídicos tornaram-no feliz novamente - isto foi dito enquanto ele tomava uns dois comprimidinhos acompanhados de cigarros - e não sei se devo comparar isto com o santo álcool, sei que o furor da bebida, pelo menos durante algumas horas, é magnífico para disfarçar a alma latejante de quem é triste.
Confissões para um papel é vergonha de ir num psicanalista, diria um poeta e pintor que conheci.
Hoje abuso das vírgulas, hoje abuso da paciência dos poucos que me lêem... acredito que muitos já escreveram, filosofaram sobre este "branco" literário... sendo esta tentativa mais uma entre muitas, vã na realidade.

Um comentário:

fantomas disse...

Muito bom. Seu estilo reflete quem você é. A propósito, gostei muito de "o jazz triste soando no fundo da xícara de café".