29/04/2008

Densa noite

Um sorriso ingênuo
escapado do canto de tua boca
faz-me rir e debruçar sobre este papel
como o fiz numa densa noite:

seus leves e finos lábios
crepitam com o tocar de nossas bocas
- famintas e salivantes-
que ao fim do inevitável encontro calam adormecidas.

a madrugada promete
os tecidos comprometem
assim
dois corpos cingidos na singeleza da paixão.

um conjunto de músculos lassos
um feixe de respirações exasperadas
tornam-se unos com o vibrar dos roucos gemidos.

devorar é o verbo
-a língua a sintaxe-
desta oração profana.

os deuses a muito esquecidos
assistem incrédulos o desfecho desta densa noite:
gozo...

Um comentário:

fantomas disse...

Cara, essa foi uma pancada! Parabéns!